Web 2.0 em vídeo

Interessante vídeo sobre a Web 2.0. Vale a pena conferir! O vídeo é curto, tem 5 minutos e apresenta como a web evoluiu junto com a participação dos usuários.


Críticas à Web 2.0 no Webinsider

O meu post com críticas ao alvoroço da Web 2.0 foi publicado numa versão mais enxuta (e com um título diferente) no Webinsider ontem. Foi interessante notar, pelos comentários que se seguiram, que mesmo onde a grande maioria de textos sobre o assunto são favoráveis, existe uma boa aceitação das críticas (tanto por parte dos leitores quanto por parte dos editores). Há espaço para todos os pontos de vista, sejam eles polêmicos ou não.

Web 2.0 é uma revolução? Então me deixem criticar


Web 2.0 é sucesso que não gera receita

Saiu no INFO Online de hoje: Web 2.0 é sucesso que não gera receita. Qualquer semelhança com os sites e planos de negócio milagrosos da época do bolha não é mera coincidência.


Críticas à Web 2.0

ATUALIZAÇÃO: o post abaixo foi condensado e transformou-se num artigo no Webinsider. Devido à maior exposição, gerou um número maior de comentários e compartilhamento de idéias sobre o tema. Desta maneira a leitura do artigo é uma boa pedida para quem deseja ir direto ao ponto e conhecer um maior número de opiniões (favoráveis ou contrárias à crítica).

Artigo Web 2.0 é uma revolução? Então me deixem criticar
____

Mais uma vez me vejo as voltas discutindo a tal Web 2.0 na Wikipedia. Desta vez fiz questão de pontuar algumas críticas no referido artigo, especialmente depois que um “especialista” em Web 2.0 (Web 2.0 é um lance novo, “revolucionário”, mas, veja só, tem “especialistas” de monte, atrás de cada moita) apareceu por lá e resolveu alterar substancialmente o artigo, de forma a retratar a tal Web 2.0 como sendo algo realmente novo, revolucionário, quase de outro mundo.

Aparentemente críticos da Web 2.0 não existem (ou são bem poucos) no Brasil. Uma busca no Google retorna pouquíssimas opiniões (sejam de posts, artigos ou mesmo comentários em fórums e listas de discussão) contrárias ao termo e a idéia. Exceção ao já conhecido (e referenciado) post de Henrique C. Pereira no Revolução Etc, que já levantava a lebre há um ano. As críticas são, em sua maioria, importadas. Destaco os artigos de John Dvorak, crítico já conhecido (um dos primeiros) do termo (aliás ele é crítico de qualquer coisa, mas essa é outra história). Por esta razão, tenho me empenhado a dar pequenas contribuições para a crítica, e quem sabe fazer com que outros profissionais adotem uma postura mais crítica e se desvencilhem da tradicional babação-de-ovo e comportamento maria-vai-com-as-outras que acomete defensores apaixonados da Web 2.0 tal como ela é descrita e propagandeada por aqui.

Tenho arrepios ao ler reportagens e textos que tentam explicar o que é a Web 2.0, onde podemos ver declarações como: “A Web 2.0 nasce para reinar” ou “Web 2.0, o futuro da Internet” ou ainda “Web 2.0, uma forma de ficar milionário” e as variações religiosa-ameaçadoras “A Web 2.0 já chegou! Você e a sua empresa não podem ficar de fora!” ou “Esqueça tudo o que você sabe de Internet, chegou a Web 2.0” (esta última, pérola encontrada na revista INFO), entre tantas outras declarações “vibronas” para o termo. E olha que eu não estou incluindo as declarações mais apaixonadas que costumeiramente se vê em qualquer revista de renome e/ou em 10 entre 9 blogs e sites de “especialistas”. A coisa beira a histeria e me lembra muito (ainda que em menor escala) a histeria que acompanhou o boom da Internet no final dos anos 90. Naquele tempo, reportagens de capa, “especialistas” e gurus de toda sorte estavam dedicados a falar e inflar sem culpa a mais nova maravilha do mundo moderno: a Internet. Tinha-se a impressão de que a Internet era capaz de mudar (e melhorar) o mundo radicalmente, quebrar paradigmas (mesmo os mais duros), mudar a vida de todos, curar o câncer, erradicar a miséria e a ganância humana, trazer a paz mundial, entre outros milagres e realizações extraordinárias dignas de Chuck Norris (ok, estou exagerando, mas que os comentários eram exagerados e desproporcionais, eram…). Hoje parece que a Web 2.0 é uma repaginação daquela histeria toda. O trocadilho é inevitável: é a Histeria 2.0 (já patentearam esse termo?).

Para começar, o que exatamente é Web 2.0? Existem mil e uma definições, basta inventar uma (qualquer papagaiada ou buzzword será bem vinda), eu mesmo já “teorizei” sobre o tema. Das explicações que se esforçam para serem sérias, todas trazem um punhado padrão de “regras” para a Web 2.0 (“se você não seguir estas regras, seu site ou sua empresa não será Web 2.0”…). O problema é que ao surgirem novas idéias (ou repaginações) estas são imediatamente jogadas no mesmo saco de “coisas” da Web 2.0, sem qualquer escrutínio, dando a impressão que a tal Web 2.0 é simplesmente um nome que se dá para qualquer coisa que funcione (mesmo que não “funcione”, não dê lucros operacionais – vide YouTube), que seja popular (consiga atrair e reter um bom número de usuários, mesmo que estes sejam formados quase que exclusivamente por adolescentes ávidos por diversão e entretenimento digital de consumo rápido) ou “nova” (mesmo que não seja tão nova assim) na Internet. A coisa é mais ou menos assim: se é pop, então é Web 2.0.

A Web 2.0 não trouxe nada de novo em termos de tecnologia e de idéias, tal como mostrarei mais adiante com alguns exemplos e fatos. A Web 2.0 não é uma mudança tão expressiva ou revolucionária como dizem (e vendem – ah sim, não se iluda, tem muita gente fazendo dinheiro em consultoria com essa nova hype) por aí. Para mim a Web 2.0 poderia ser resumida numa equação bastante simples:

A “VELHA” INTERNET * AUMENTO NO NÚMERO DE USUÁRIOS = WEB 2.0

Note que nesta equação o único elemento “novo” é aumento significativo no número de usuários, especialmente os com acesso a banda larga. Em outras palavras: It’s the user stupid! As idéias e “regras” da Web 2.0 já existiam. O que não existia era um número significativo de usuários e de banda para justificá-las e implementá-las.

É bastante simples entender e verificar isso, mas os “especialistas” da Web 2.0 não vêem as coisas desta maneira. Para eles a Web 2.0 é algo “novo”, “revolucionário”, e que “vai mudar tudo o que está aí”. Estas afirmações implicam na coisificação da Web 2.0, implicam tornar a Web 2.0 um mero produto (acho que exatamente isso que os consultores querem), dar um nome, registro de patente, data de nascimento, versão, regras e pontos bem definidos, etc, sem falar na necessidade de um “criador” (Tim O’Reilly?) e fiéis seguidores. Em minha opinião, os “especialistas” da “Web 2.0” estão para a Internet como os Criacionistas estão para a ciência. Por mais óbvio que seja o fato das coisas simplesmente evoluírem, natural e continuamente, prevalecendo o que funciona em detrimento do que não funciona (tal como Darwin teorizou), os “especialistas” da Web 2.0 insistem que as coisas só existem depois de terem sido criadas, inventadas, nomeadas (de preferência com algum nome descoladinho) e, principalmente, propagandeadas. Alguns gurus mais avançados (aqueles que já atingiram um nível de abstração máximo dessa viagem lisérgica chamada Web 2.0), já estão discutindo seriamente a Web 3.0, cuja equação seria: Web 2.0 + semântica + virtualização de comunidades + qualquer outra idéia ou coisa que se tornar popular até lá (só para garantir que o termo vai “colar” e significar alguma coisa). Agora só faltam dizer que a semântica (e a necessidade dela) e virtualização de comunidades é algo novo na Internet, é uma idéia r-e-v-o-l-u-c-i-o-n-á-r-i-a… O que era motivo de piada parece estar tomando forma.

Os “especialistas” brasileiros aparentemente estão entre os primeiros a abraçar a causa da Web 2.0 (e vão abraçar a Web 3.0, 4.0…) e defendê-la como a nova quintessência da grande rede. Brasileiros são normalmente apaixonados pelo que fazem e acreditam (dizem até que Deus é brasileiro), e é notável esse comportamento entre os profissionais de Internet e a mídia “especializada” no que diz respeito à Web 2.0. Olhando-os de cima, tem-se a nítida impressão de que o caldeirão de crenças, promessas e de gurus (sempre eles) está fervilhando de novo, como há tempos não estava (talvez porque os gurus e especialistas de Web 2.0 de hoje fossem apenas meninos jogando video-game quando a histeria 1.0 terminou, quando a bolha explodiu). Isso é sempre muito bom ($), mas não deveria vir desacompanhado da análise crítica, que aparentemente poucos estão fazendo no caso da Web 2.0.

Pensando bem, não foi sempre assim? É verdade Alex… Por isso, que venha logo a Web 3.0 oras! Metodologias falaciosas, consultorias inúteis, gurus, livros e editores sedentos por pautas “novas” agradecem. Apertem os cintos!

Abaixo reproduzo alguns dos meus argumentos e fatos contrários à idéia de pioneirismo ou de ineditismo das “regras” da Web 2.0 de forma bastante direta. Este texto, com algumas poucas mudanças é o mesmo atualmente disponível na Wikipedia portuguesa (onde colaboro e escrevo para que o artigo não vire uma peça publicitária em favor da Web 2.0). Os argumentos e fatos abaixo servem como partida (apesar de seco e demasiadamente direto, “enciclopédico”) para começar a perceber que na verdade a Web 2.0 não tem nada de novo, que a Web 2.0 não é uma “mudança” (quando muito é uma evolução – que diga-se, é algo bem diferente de mudança). Referências e citações foram retiradas aqui, sendo que as mesmas existem no artigo atual (que vale a pena conhecer). Espero que apreciem.

Sobre conteúdo colaborativo e/ou participativo e inteligência coletiva

Os blogs e a própria Wikipedia são frequentemente mencionados como ícones da Web 2.0. Entretanto interfaces colaborativas, participativas ou capazes de gerar uma suposta “inteligência coletiva” sempre existiram desde que a Internet dava seus primeiros passos (no berço das universidades). Listas e fóruns de discussão – até mesmo a Usenet – são exemplos antigos de colaboração e participação. Vale lembrar que um bom exemplo de real inteligência coletiva (desta vez sem aspas), é aquela gerada por pesquisas sérias e por cientistas que se submetem ao processo de peer-reviewing. Esta inteligência está disponível nas velhas e jurássicas listas de discussão, e provavelmente não vai sair de lá tão cedo. O que se vê hoje na tal Web 2.0 não é inteligência. Inteligência é sinônimo de qualidade, não de quantidade. Os exemplos de “inteligência coletiva” da Web 2.0 são baseados em quantidade (com raras exceções). Sites como Digg.com geram “inteligência” pelo maior ou menor número de “diggs”/cliques num link. Isso é inteligência? O que se gera aí é simplesmente volume, não inteligência. Volume por volume, prefiro as velhas enquetes da Web 1.0… (são burras e imprecisas, mas ao menos assumem que o são). Outros vêem inteligência na enxurrada de tags e nas inúmeras classificações (folksonomia) que mais confundem do que ajudam em sites como o YouTube (tente achar uma informação de forma rápida por lá). Há os que ainda defendem que a inteligência da Web 2.0 está no sistema de rankeamento de links do Google. Quase lá! Outros usam o exemplo do modelo de desenvolvimento de software livre. Opa! Mas espere aí!… há quanto tempo o GoogleRank existe mesmo? 1998? E o desenvolvimento de software livre? Além de serem bem mais antigos, os processos tradicionais do desenvolvimento de software livre são parecidos ao processo peer-review da ciência – que é meritocrático em sua essência – e não podem ser comparadaos o popular oba-oba da Web 2.0. De novo a questão da “novidade” que não é bem uma novidade, e apropriação indébita de idéias antigas e maduras para validar uma falácia pop… Por esta razão, a imensa maioria dos exemplos de “inteligência coletiva” da Web 2.0 são imaturos, incompletos e falhos, passíveis inclusive (e efetivamente o são hoje em dia) de fraudes e problemas justamente por serem inteligências meramente quantitativas (google poisoning que o diga!), muito pouco qualitativas. No editorial de 30/12/06 do Diário de Notícias (português) podemos ler: “a tão exaltada Web 2.0 é, de um ponto de vista meramente quantitativo, um amontoado de lixo.” Eu concordo plenamente. Para poder falar em “inteligência coletiva”, a Web 2.0 precisa ainda comer muito arroz e feijão, pois qualquer coisa que se aproxime de “democracia” não é sinônimo de inteligência, vide nossos políticos.

Se você se interessa por inteligência coletiva na Internet (se ela é ou não é inteligente), sugiro a leitura do excelente artigo de Jaron Lanier, cujo título é bastante apropriado: DIGITAL MAOISM: The Hazards of the New Online Collectivism.

Ainda em 1995 o GeoCities (atualmente pertencente ao Yahoo!) oferecia espaço e ferramentas para que qualquer usuário relativamente leigo construísse seu website e publicasse suas idéias na Internet. A loja virtual Amazon desde o seu lançamento (em 1995) permite que seus clientes e visitantes postem comentários e informações diversas sobre livros que são vendidos na loja. A Amazon também já sugeria produtos correlatos (“pessoas que compram este CD também compram…”) como forma de monetizar ainda mais a operação. Em 1998 o Yahoo! lançava o MyYahoo!, permitindo que a página de entrada do site fosse customizada e personalizada (com notícias, cores e afins) individualmente.

Em suma: Conteúdo participativo e/ou colaborativo e as várias tentativas de inteligência coletiva não seriam idéias novas e revolucionárias, surgidas na Web 2.0. Ao contrário, seriam pilares bem antigos da Internet, permitindo que virtualmente qualquer indivíduo ou empresa, publique, opinie e compartilhe informações na rede.

Sobre a Internet como plataforma

Ainda na metade da década de 90 a Sun Microsystems lançou e patenteou o slogan “The Network is the Computer”, demonstrando sua intenção e posicionamento comercial em fazer da Internet “a” plataforma para todo e qualquer sistema computacional existente (o slogan veio reforçar as promessas de interoperabilidade, portabilidade da linguagem multiplataforma Java – “Write once, run anywhere” – parodiado por alguns como sendo na realidade “Write once, crash anywhere”). Ainda em finais da década de 90, começaram a surgir alguns padrões de interação entre aplicativos Internet, para que as então chamadas transações B2B pudessem ser realizadas de forma padronizada. O termo Webservices e o protocolo SOAP ganharam força e se popularizaram, sendo padronizados mais tarde pelo do W3C em 2001. Em 2002, Amazon, Google e vários players importantes desenvolveram e publicaram APIs para que desenvolvedores de todo mundo pudessem integrar seus serviços com o destas empresas. Redes P2P surgiram e fizeram sucesso muito antes de se ouvir falar em Web 2.0. Cita-se o popular Napster, ícone desta “revolução” ocorrida em 1998. Exemplos são inúmeros (passando por sistemas de controle pessoal – ex. site Elefante.com.br), financeiros (câmbio), previsão do tempo, etc.

Sobre tecnologias novas

Apesar de o termo AJAX ter sido usado pela primeira vez em 2005, as tecnologias que englobam o termo tiveram início ainda no final da década de 90, nos navegadores de geração “4” (Internet Explorer 4.0 e Netscape Navigator 4.0), que introduziram suporte à técnicas de remote-scripting. Com o lançamento da versão 5.0 do Internet Explorer em 2000, e a estagnação do Netscape Navigator (que mais tarde teve seu código fonte aberto gerando o excelente Firefox), a Microsoft inaugurou uma forma mais elegante de remote-scripting com o XMLHttpRequest. Daí até os dias atuais o conceito só evoluiu, ganhando força e notoriedade devido ao aumento no número de usuários da rede. Linguagens e frameworks de desenvolvimento rápido para web (RAD) já existiam antes da Web 2.0. Pode-se citar a linguagem ColdFusion da Allaire (1995) e o Fusebox (1998). A sindicância de conteúdo (famosa hoje pelo RSS), já chamada no passado de “conteúdo push” já era conhecida de usuários do Internet Explorer 4.0 e o seu serviço ActiveChannels. Agências de notícias como a Reuters já utilizavam sistemas de intercâmbio de conteúdo e notícias entre agências e consumidores de notícias muito antes do surgimento da Web 2.0, sistemas estes que inclusive foram os precursores dos padrões atuais. O próprio XML data de 1997. A portabilidade de sistemas para dispositivos móveis (a tão aclamada “convergência”), é um discurso antigo, que antecede em muito a Web 2.0, e que sempre esteve em constante evolução, cujo passo inicial remonta os primeiros dispositivos móveis, sejam eles celulares ou PDAs.

Sobre mudanças em marketing

Os críticos argumentam que não houve uma mudança significativa no marketing praticado pela Internet. Segundo eles, o dinheiro (oriundo de ações de marketing) continua sendo gerado da mesma maneira: via publicidade e serviços. Como exemplo: a maior parte dos lucros do Google vêm (e sempre vieram) de anúncios vinculados às suas buscas e sites que utilizam seus serviços. O Yahoo! por exemplo tem um modelo misto: publicidade e serviços. O Yahoo! Small Bussiness não é novo, já existia (porém não com esse nome) desde a época do GeoCities, quando você podia pagar um valor para ter mais espaço, vincular um domínio ao seu site, etc. Desde que eu me dou por gente, a Web sempre foi serviços. Conceitos como o de marketing viral são bastante antigos, sendo que seu vínculo com a Internet alvo de um livro (Idea Virus) de Seth Godin ainda em 2001. Empresas de publicidade na Web (ex. DoubleClick) já empregavam o pagamento por retorno antes do advento do termo Web 2.0. O próprio Google AdSense e AdWords não são serviços novos, derivam de empresas que já atuavam na Internet antes do Google (Applied Semantics – adquirida pelo Google e Goto/Overture, adquirida pelo Yahoo!).

As críticas e fatos não param por aí. Engrosse a lista se desejar. Na Wikipedia qualquer um pode editar. Lembre-se apenas de saber como fazer isso de forma parcial e respeitosa. Leia as guias de ajuda antes de começar a editar por lá, vai te poupar um bocado de dor de cabeça com os xerifes e “especialistas” que lá habitam.

Mas ainda não terminou. E o que os “especialistas” da Web 2.0 vão dizer sobre as críticas? Bem, eles vão dizer que não é bem assim, não é bem assado, que a “Web 2.0” é outra coisa, que a gente não entendeu nada porque é difícil entender, isso e aquilo… (prepare os ouvidos). O próprio guru-mór do termo, Tim O’Reilly já começou a “adaptar” (para não dizer mudar sutil e convenientemente) aquilo que ele já tinha papagaiado e dado como certo há cerca de um ano. A estratégia do figura é ir definindo a coisa enquanto ela está acontecendo e/ou puxando a atenção para as coisas que fazem mais sentido, descartando as besteiras ditas no passado. É o beta perpétuo de idéias, que também perpetua a sua exposição na mídia (o que é bom para ele e suas empresas). O’Reilly é acima de tudo um cara esperto. Que se dane o termo (ele malandramente já nem faz tanta questão de defendê-lo), o que importa são as idéias, o que importa são as pessoas… Lindo, mas tão vago e subjetivo como dizer que a “individualidade é algo muito pessoal”… Aliás, um parêntesis imporante aqui: por falar em vastidão, não deixe de conhecer o fabuloso gerador de lero-lero, perfeito para quando você quiser falar bonito sem falar nada. Se você é um “especialista” em Web 2.0 certamente vai adorar.

Mas não se engane: é só virar as costas que os especialistas voltam ao mesmo discurso e a descontrolada mania de botar nome em tudo o que vêem, over-and-over-and-over.

Continue fazendo seu website, suas aplicações, seus mashups, seja lá o que for sem se preocupar com a meme, a hype e todo o alvoroço (incluindo consultores e gurus paraquedistas) da Web 2.0. Continue fazendo-os com qualidade e com inteligência, melhorando-os sempre que possível. As regras do bom senso nunca tiveram uma versão 2.0. Pense nisso.

Leia também a versão 1.0 deste post.

Sobre o autor: Alex Hubner é gerente de tecnologia da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e palpiteiro nas horas vagas.


Web 2.0, Wikipedia, Digg e o maoísmo digital

Dois artigos bem interessantes. O primeiro, mais extenso, tem relação com algumas das críticas que fiz à comunidade que mantém a Wikipedia (e que dita de forma enviesada o conteúdo lá existente) e traz algumas considerações interessantes (bem mais profundas, além as simples críticas ácidas que fiz):

DIGITAL MAOISM: The Hazards of the New Online Collectivism (Jaron Lanier)

O segundo, do já controverso Dvorak, é uma variação destas mesmas críticas que, em resumo, coloca em cheque a validade e a confiabilidade do conteúdo participativo, perguntando se realmente estamos construindo uma “inteligência coletiva” efetiva e real (algo longe da realidade em locais como a Wikipedia) e – pelo que já notei – longe também da realidade em locais como o Digg, onde notícias sensacionalistas no estilo “Microsoft pretende dominar o mundo” ganham sempre destaque, simplesmente por agradar o público frequentador (o que não necessariamente é uma representação democrática, como muitos apregoam) em detrimento de qualquer análise realmente imparcial e desengajada. Ambos os sites/recursos são muito interessantes, mas precisam ser analisados e visitados com cuidados e ressalvas.

Understanding Digg and Its Utopian Idealism (John C. Dvorak)

Obviamente os farristas da Web 2.0 e defensores da “coletividade inteligente” (lembrando: depois de seus egos e crenças pessoais), já se puseram a criticar as críticas. Nada mais natural, afinal de contas todos eles (sem exceção) fazem dinheiro (ou nome) com a hype criada em torno do conceito de Web 2.0.


Cuidado com os xerifes da Wikipedia


Information wants to be free.
You will assimilate into our free information.
Resistance is futile.

(Política secreta da Wikipedia)

A Wikipedia é realmente muito interessante. O conceito de conhecimento comunitário é louvável, mas precisa de alguns cuidados para não ser fadado ao fracasso ou mesmo não ser levado a sério no longo prazo. O problema (como sempre) não está no conceito, mas na prática, e o lado prático da Wikipedia, como sabemos, é feito por pessoas, muitas delas. É justamente aí que a coisa pega.

Leia o resto deste post »


Revista INFO deste mês

Hoje chegou a revista Info deste mês aqui em casa. Nem era preciso olhar para a cara dela para saber do que se tratava. Batata: Web 2.0. Pode ver, neste mês, quatro entre 5 revistas de tecnologia estarão dando algum destaque a qualquer coisa que leve o termo Web 2.0, AJAX ou qualquer outra palavrinha da moda, dê um pulo na banca de jornal para conferir. Fui ler (afinal eu pago a assinatura da dita cuja para alguma coisa), mas tive que parar antes mesmo de começar. A chamada para a matéria era: Apague o que você aprendeu sobre internet até agora. Está começando uma nova revolução digital…… haja. Pulei direto para os exemplos máximos da tal “Web 2.0 turbo 16V”.

Deus do céu… o que é que sites como Digg.com, Flickr.com, etc, etc tem de tão revolucionário que me obrigam a apagar tudo o que eu aprendi sobre internet até agora? Ok, vamos ver…

Conteúdo participativo? Hmmm… ok, eu frequentava e participava da usenet nos tempos de USP (1994,95). Aliás, foi num servidor NNTP do UOL que eu conheci o Fabio Terracini, em 1997. Se conteúdo participativo é uma revolução, ela aconteceu há um bom tempo, e é base inclusive para o sucesso da grande rede (onde qualquer um pode publicar qualquer coisa, informação). Definitivamente, não é um conceito novo, ele apenas ganhou escala, tal como a própria internet. Softwares 100% online? Hmmm… lá no escritório eu uso um mouse pad velho, sujo e rasgado datado de 1999 (não sei como ele resiste tanto tempo). É um mouse pad da Sun onde se lê: The computer is the network… Sugestivo não? A diferença é que em 1999 não havia banda suficiente para fazer valer esta idéia. Será que hoje temos? Sei não… basta olhar a realidade brasileira em termos de opções de conectividade. Ok… vamos em frente: consumir conteúdo e/ou recursos de outros lugares no seu próprio aplicativo/site? Mashup? Scramble eggs?… Há quanto tempo você escuta falar de WebServices, de SOA, e afins? O conceito é antigo e bastante simples: integrar aplicativos, ponto final. Mas tem sempre gente disposta a engrossar o caldo da sopa de letrinhas…

Claro, a web (mais especificamente, a malha global TCP/IP) vêm sendo usada como meio de transferência destes dados cada vez mais, barateando e (principalmente) aumentando o alcance disso, não há como negar. Ainda sim, vale lembrar: em 1999 eu fiz um aplicação em CF que consumia a informação de taxa de câmbio do Yahoo! Finance e a usava numa aplicação financeira que eu, programador amador e virgem de tudo nessa área estava fazendo. Ainda em 1999 o IE 4.0 trazia um treco chamado “Active Channel”, que possibilitava você ler coisas no seu próprio browser, sem precisar sair caçando a informação em links e afins. De novo: conceito velho, roupinha nova. A lista vai longe, mas paro por aqui.

A reportagem da INFO ainda tem o destampero de dizer que “No mundo da Web 2.0, pouco importa onde está o usuário: num PC, num celular ou em qualquer outro dispositivo que entenda a palavra rede…“. Celulares, claro… Afinal, eles são exemplos máximos de usabilidade e portabilidade. Eu mesmo, feliz proprietário de um smart phone “puro sangue”, nem sei por que ainda uso notebook e computadores com sistema operacional. Hoje você pode ter seu escritório num celular, digo: na Web, via celular. Fantástico! Se não fosse absolutamente fora da realidade.

A questão me parece bastante simples: a tal Web 2.0 é nada mais, nada menos que a mesma “Web 1.0” em escala maior e amadurecida. Amadurecimento este que veio principalmente em decorrência do maior volume de usuários e informação disponível, muito pouco por novas tecnologias e conceitos (aliás, quase nada, visto que a velha arquitetura HTTP, request-a-request continua sendo a mesma, apenas escamotearam a coisa usando JavaScript e XML “assíncrono” (AJAX), com uma bela pitada de marketing). A Web 2.0 é a concretização (em partes) de todas as promessas não cumpridas pela “Web 1.0”. Promessas feitas pela primeira leva de “gurus” e teóricos da chamada “revolução da informação” que fizeram muita grana em cima de investidores incautos e sedentos por fazer parte do oba-oba momentâneo, sem entender muito bem o porquê e para quê. A Web 2.0 é apenas uma jogada de marketing para inflar (de novo) o mercado de internet e de “killer sites/apps”. Por falar em marketing e buzzword, não é a tôa que Tim O’Reilly já correu para patentear o termo “Web 2.0″… Não se preocupe com a patente. Simplesmente não use ou mencione o termo “Web 2.0” (nem mesmo Web 3.0). Use o termo “Web 4.0” ou qualquer outra baboseira do gênero e lance moda meu chapa! Os investidores vão correr atrás de você, na ânsia de reaver tudo o que eles perderam no boom da bolha em 2000/2001…

Leia também:

[1] A versão 2.0 deste post;
[2] E claro, a versão 1.0 deste post…


Cagadores de regra 2.0

Em primeiro lugar peço desculpas pelo título do post, mas eu sempre achei uma enorme bobagem tipificar e dar nomes “interessantes” para idéias (ou um conjunto delas), ou mesmo tecnologias novas (mas não tão novas assim), especialmente quando generalizam e forçam a barra para gerar uma nova “buzzword”. Uma nova buzzword para o mercado e para usuários leigos (muitos deles em posições de decisão de TI em grandes empresas). Uma nova buzzword apenas para alavancar negócios, vender livros e consultorias estúpidas (assim crêem os que defendem o termo – quando não o estão fazendo só porque o outro está fazendo, o famoso maria-vai-com-as-outras). Me deixa mais perplexo ainda quando estas idéias, conceitos e/ou tecnologias não são nenhuma novidade, apenas tiveram a poeira removida e ganharam uma roupinha nova (além do nome, claro).

O fato é que ultimamente muito tem se ouvido falar da tal “Web 2.0”. Bem, e o que é a tal Web 2.0? Use o Google, você vai encontrar um monte de definições (uma mais bonita que a outra), mas eu gosto desta aqui: “Web 2.0 It’s not a real concept. It has no meaning. It’s a big, vague, nebulous cloud of pure architectural nothingness. When people use the term Web 2.0, I always feel a little bit stupider for the rest of the day.”. Eu também, mas me recuso a ficar quieto e concordar com os cagadores de regra de plantão.

Web 2.0 não é “2.0”, não é novo, não é nada demais. Essa tal “Web 2.0” nada mais é que a evolução natural das coisas – e que não aconteceu do dia para a noite, nem foi “parida” (para não usar outro termo mais coerente com o título do post) por um guru ou empresa. Não se assuste, querem te fazer acreditar que a “Web 2.0” é algo revolucionário, novo, e que você e sua empresa precisam correr para não ficar para trás. Não caia nesta armadilha.

É hora de deixar de lado os modismos e guruzismos e continuar fazendo e construindo coisas que façam sentido (aplicativos web que efetivamente sirvam para alguma coisa) e que sejam fáceis de usar (experiência “rica”, “interessante”, “produtiva”, use o termo que desejar). Começar uma nova hype como que para “celebrar” a retomada de crescimento de investimentos em aplicativos web, no uso efetivo de tecnologias já existentes, ou simplesmente serviços que façam sentido e sirvam para algo (diferente das viagens lisérgicas de 97-200) serve apenas para confundir e inflar algo absolutamente natural e esperado, especialmente depois do colapso da bolha pontoCom. É algo que realmente não precisamos. A web 1.0, 2.0, 2.4 (turbinada e “tunada”), não é nova minha gente. Como já dizia Elvis: a little less conversation a little more action.

OBS: Leia a versão “2.0” deste post aqui.