Remix 07: Hosting e Infra-estrutura

Na palestra de Hosting com a Plataforma Microsoft para Designer e Desenvolvedores, Silvio Oliveira, da Microsoft Brasil, afirmou que a o foco na Experiência do Usuário (UX) é a forma como vamos conduzir a web daqui para a frente, e que não dá para pensar em UX sem pensar em infra-estrutura e conseqüentemente a preocupação número um de quem tem um website: disponibilidade.

Gilberto Mautner, Vice Presidente de Tecnologia da Informação e de Novos Negócios da Locaweb, era o apresentador convidado da sessão e falou bastante sobre a experiência da Locaweb com Windows para hosting.

“O ambiente é tão bom quanto aquele que o administra”

– Gilberto Mautner, Locaweb

Frase ótima! Foi muito bom ele dizer – e explicar isso – logo no começo da apresentação. Algo que eu sempre comentei em listas e apresentações foi estabelecer essa premissa, a partir de uma metáfora com a Volvo, que diz que o S80 é o carro mais seguro do mundo, mas eles nunca dizem com quem dirigindo.

Uma outra frase interessante do Gilberto:

“.NET e Java são equivalentes, nenhum é melhor do que o outro, mas consigo colocar 2000 sites .NET em uma máquina e 100 sites em Java em uma máquina de mesma configuração. Isso afeta a disponibilidade e o custo!”

Eu achei isso uma afirmativa muito séria e ao final perguntei a ele sobre isso. A mim não importava a exatidão dos números, mas sim se realmente havia uma disparidade tão grande. Ele confirmou o que disse: consegue rodar muito mais sites em .NET do que em Java pelo fato de precisar subir várias Java Virtual Machines.

Sobre segurança, Gilberto disse:

“Windows tem uma maturidade maior para hosting (…). Por incrível que pareça, é mais fácil gerenciar a segurança em Windows do que em Linux (…). Basta estar atualizado para evitar exploits”.

Bem, dizer que o Windows tem uma maturidade maior para hosting é questionável, haja vista a fama que o FreeBSD tem para hostings, inclusive pela sua estabilidade. Sobre “basta estar atualizado”, é claro que isso não era para ser entendido no sentido literal, afinal ele havia acabado de comentar sobre a importância de quem administra o sistema. Contudo, me fez lembrar o vírus Blaster e do worm Slammer (para SQL Server 2000), que exploravam falhas para o qual já havia patch há dias! No caso do Slammer muitos servidores foram derrubados ao redor do mundo simplesmente porque não estavam atualizados. Ou seja, milhões e mais milhões de dólares, dores de cabeça, demissões, perda de tempo e afins poderiam ter sido evitados se as máquinas estivessem atualizadas, e isso, claro, é responsabilidade do administrador. É o que diz o velho ditado: é melhor prevenir do que remediar. Muito mais simples e barato manter os sistemas atualizados do que recuperá-los (e recuperar o que foi perdido pelo sistema estar fora do ar).

Gilberto comentou como a plataforma da Microsoft oferece poder de gerenciamento aos hosts, citou os painéis de controles automatizados que os hostings oferecem, e emendou dizendo que o Linux é mais difícil de gerenciar, exemplificando pelos inúmeros sabores de Linux, versões de kernel, PHP, MySQL, atualizações, incompatibilidades e afins.

Eu achei estranho – e fiquei até meio ofendido quando Silvio Oliveira perguntou para a platéia: “Vocês sabiam que dá para rodar Apache, MySQL e PHP no Windows?”. Pô, claro Silvão! Alias, isso já é suportado há tempos! É claro que eu não fiquei ofendido, mas se ele, que certamente é um profissional muito competente (e que confessou que adora conversar/debater com a comunidade open source e expor sua visão) falou isso, é possível que já tenha tido que dizer isso para muitas pessoas, então eu entendo perfeitamente ele ter confirmado esse conceito.

Outra de Gilberto, comentando sobre a quantidade de hostings providers no Brasil, e como eles nascem e morrem rapidamente:

“Começar a hospedar é fácil, o difícil é manter (…). O custo do software é pequeno perto dos recursos para manter a infra-estrutura, pessoas, etc”

Mas Gilberto também soltou uma que eu definitivamente discordo e achei que ele falou sem embasamento:

“Silverlight vai além do Flash, pois explora o conceito de rodar código interpretado no browser”

Ué! O próprio browser já faz isso há anos! Afinal, o que é o JavaScript? Código interpretado no browser! E mais, código compilado, seja para linguagem de máquina ou para bytecode (como o caso do Java e do ActionScript, que é a base do Flash) rodam muito mais rápido do que código interpretado, isso é fato das linguagens interpretadas, faz parte de sua natureza. Nas próprias palestras comentavam como era mais vantajoso, inclusive em termos de performance, utilizar código .NET, ao invés de JavaScript, com Silverlight.

E mais ainda, o Silverlight tem muito, muito potencial mesmo, mas no presente momento não está além do Flash não! Posso dizer isso tranqüilamente como desenvolvedor, e mais ainda por que o Silverlight ainda é muito recente, enquanto o Flash já existe há pelo menos dez anos e há pelo menos há cinco possibilita a construção de aplicações.

Ao final da palestra toquei algumas idéias com o Gilberto e este mandou abraços ao Alex Hubner, que além de já ter colaborado com a Locaweb com ambientes de hospedagem ColdFusion, já participou de debate entre desenvolvedores promovidos pela Locaweb.

Atualização: Um debate relacionado a este artigo está acontecendo no BR-Linux.