Isso é conversa fiada!

O assunto já em alguns blogs que acompanho (aqui e aqui lá pelo meio do texto), mas o Paulo Henrique Amorim realmente pisou na bola durante a Conferência Web 2.0, afirmando que o conteúdo gerado pelos usuários não é bom, e precisa ser controlado.


“Em um certo ponto, internautas começam a dialogar com eles mesmos, ignorando o texto original. Estou ciciado nisso”, disse.

O jornalista acredita que o conteúdo vindo dos usuários deve passar por um filtro de edição para garantir a qualidade do conteúdo. “Há necessidade de editores competentes para controlar o fluxo”, afirmou.

A única coisa que ele conseguiu foi fazer com que os ditos usuários burros mostrassem para o mundo o quanto ele é “inteligente” em termos de Internet.


7 Comments on “Isso é conversa fiada!”

  1. Alex Hubner disse:

    Olha, o Paulo Amorim pode não entender muito de Internet (aliás, muito jornalista pica grossa ainda pensa em mídia impressa, década de 80, papelzão, fechamento de edição, etc).

    Entretanto eu concordo plenamente com ele na questão do conteúdo colaborativo, que precisa de revisão e intervenção. Acho que as pessoas não entenderam o que ele quis dizer. Não via a palestra, não li texto, vi apenas a frase quotada acima. Pelo que li, entendi que ele quis bater numa tecla que vem sendo batida com cada vez mais frequencia quando se fala das “maravilhas” da Web 2.0: que o conteúdo produzido pelo usuário NÃO É SINÔNIMO de qualidade, muitas vezes é o contrário.

    Eu concordo com ele plenamente nesse aspecto. Exemplos são inúmeros (e incluem Digg, Wikipedia e afins). Conteúdo colaborativo ainda precisa amadurecer muito para poder ser comparado à qualidade do conteúdo gerado por jornalistas ou especialistas, mesmo que ele passe por processos de pseudo-meritocracia, como é o caso do Digg (onde conteúdos são “selecionados”).

    Estamos vivendo (parafraseando Jaron Lanier) uma espécie de movimento maoísta, que idolatra o coletivo, como se a escolha de uma multidão fosse realmente sinônimo de qualidade (nossos políticos que o digam). Vivemos a adoração quase religiosa (afinal é cult e pop “ser Web 2.0”) de que o coletivo supera qualidades individuais, incluindo geração de conteúdo.

    Uma notícia que recebe muitos Diggs e é destacada como sendo um “conteúdo de primeira” muitas vezes pode não interessar e ser sinônimo de qualidade. Aliás, na maioria das vezes as notícias não interessam para a esmagadora maioria do público e usuário de Internet, pois no Digg quase tudo só tem a ver com tecnologia, web, linux vs. alguma coisa, em resumo: só interessa a nerds como eu e você. Mesmo assim o Digg é citado como exemplo máximo dessa coisa de “inteligência coletiva” da Web 2.0… Os gurus da Web 2.0 entoam o Digg e a Wikipedia como mantras sagrados… Oras bolas, a Wikipedia está CHEIA de problemas, e o Digg… bem… sinceramente eu prefiro muito mais o Google News que é “burro” e usa inteligencia artificial do que o Digg com suas notícias cools e descoladinhas. No Google News (ou em qualquer site noticioso mantido por jornalistas ou robôs que selecionam textos de jornalistas) talvez eu encontre algo mais interessante e relevante para o meu mundo do que no Digg. Lá talvez eu encontre textos feitos por jornalistas (uuu… estes déspotas que precisam ser decapitados em nome do coletivismo e da inteligência coletiva) que estudaram e que são jornalistas por alguma razão (independente dos problemas que jornalistas possam causar ou mesmo não entender, como o Paulo Amorim). No Digg eu provavelmente encontraria como destaque e “indicativo de qualidade” um post de um blog qualquer, escrito por um adolescente no estilo miguxo ou hacker rulez, que ensina como destravar o Playstation 3, ou então discute como o Wii é melhor que o XBox 360… Francamente, isso não é sinônimo de qualidade, pelo menos não na vida que eu conheço.

    Leitura recomendada:

    DIGITAL MAOISM:
    The Hazards of the New Online Collectivism
    By Jaron Lanier

    http://www.edge.org/3rd_culture/lanier06/lanier06_index.html

  2. Pelo seu comentário, você quem deveria ter escrito um post sobre o assunto! 😉

    Tanto quando o conteúdo gerado pelos usuários não é necessariamente de qualidade, o conteúdo editado ou filtrado por jornalistas também não.

    Não discordo do que você disse. O Digg, por exemplo, muitas vezes é tendencioso, mas o jornalismo como conhecemos hoje às vezes também não é? Então por que não abrimos o leque de fontes de um notícia ao invés de confiarmos em apenas uma? A Web possibilita que qualquer um relate algo, e assim como nas mídias tradicionais, cabe ao Internauta decidir o que ler, no que acreditar.

    A Web hoje possibilita que qualquer edite ou relate uma notícia isso, e assim como na mídia tradicioal, cabe ao internauta decidir no que acreditar, e o Digg é um exemplo disso. Ele certamente não é fonte de noticias gerais sobre o mundo para você e para mim, mas ele certamente é fonte de notícias sobre tecnologias e assuntos relacionados para muitas pessoas que escolheram lá como fonte de notícias.

    Não é apenas uma questão de qualidade do que está no site, mas também os assuntos que o coletivo dos usuários (eles produzindo o conteúdo ou não) de um site tem interesse, mesmo que os assuntos sejam porcarias.. e assim como há porcarias no Digg, talvez isso represente o motivo pelo qual notícias bizarras aparecem na capa de grandes portais: há pessoas que querem consumir aquilo.

  3. Bruno Ribeiro disse:

    Particularmente acho que realmente as pessoas não estão acostumadas a ter a palavra. Fomos criados no meio de uma comunicação passiva, onde a TV, Rádio, Jornal, etc davam seu recado e nós apenas recebíamos a mensagem. Como mudança no aspecto da comunicação, a Internet trouxe a interatividade, nós passamos a ser ativos e a ser “donos do conteúdo”, publicar o que pensamos (como estou fazendo agora).

    O fato é que, como tudo que é novo, alguns se atrapalham e acabam fazendo um uso – talvez – inadequado.
    Muitos não tem maturidade para esse espaço e tantos outros não querem ter, um exemplo disso foi o que aconteceu no site do Clube de Criação do Rio de Janeiro, onde os trabalhos eram expostos pelos usuários e não havia qualquer moderação do conteúdo, até que resolveram aproveitar isso e colocar fotos pornográficas e etc.

    Pra mim, o conteúdo feito por “qualquer um” perde um pouco da credibilidade…

    Acho também que todo mundo se sente um tanto redator, e aí você encontra uns textos “sensacionais”.
    Resumindo, acho que essa questão de “todos somos donos da informação, todos publicamos informação” é uma questão que deve ser feita passo-a-passo e com muito cuidado, é uma questão de tempo para que a maior parte amadureça e tudo fique bem.

  4. CFGIGOLÔ disse:

    I Encontro Microsoft com Blogueiros

    Dia desses recebi um convite para participar de um evento da Microsoft com blogueiros, com telefone para contato e tudo mais. Achei a idéia interessante, e curioso que sou, confirmei minha presença no evento mesmo sem saber ao certo do…

  5. CFGIGOLÔ disse:

    Inteligência colaborativa? Onde?

    Noticiário interativo promove futilidades As manchetes de sites como Digg e Delicious seriam mais fúteis e menos úteis do que a de jornais tradicionais. Leia meu comentário neste post do Terracini….

  6. CFGIGOLÔ disse:

    Inteligência colaborativa? Onde?

    Noticiário interativo promove futilidades As manchetes de sites como Digg e Delicious seriam mais fúteis e menos úteis do que a de jornais tradicionais. Descobriram a américa. Quem se arrisca a citar o Digg e outros sites do gênero como…

  7. Jefff disse:

    A única vantagem que enxergo ‘nesse movimento’ não diretamente é ligada à tecnologia. Está relacionada à forma como as pessoas têm interagido que tem sido contrário ao inversa ao que se pregava (assistia e se imaginava) que o único objetivo da evolução tecnológica era afastar as pessoas e que tudo pra ser perfeito precisaria ser controlado por máquinas. Mudou a capacidade de organização e cooperação e inclusive podemos ver resultados do uso de inteligência coletiva nas campanhas poderosas de marketing viral que mostra que em um determinado momento a soma da capacidade, conhecimento e imaginação focado em um mesmo objetivo pode ( e a história sempre nos contou isso ) produzir resultados impressionantes.

    Antes os cientistas estavam vivendo juntos e isolados nos laboratórios, agora eles estão espalhados.. cada um vivendo sua vida normal ou tendo vida dupla, tendo QI acima da média ou lampejos de raciocínios geniais esporádicos.

    Sobre tecnologia o Google sempre esteve muito atento a isso e acredito que o próprio desempenho dessa bolha tenha sido desencadeado pelo reflexo êxito dessa companhia, que põe soluções no mercado de forma supersônica e que podem ser descartados ou não pela audiência. E para que esse modelo fosse realmente funcional dar ‘poder’ ao usuário foi um requisito estratégico e essencial.

    Se existiu uma bolha.. certamente o google guardou boa parte os alfinetes.

    Jeff