Eu também voto NÃO

Já que estão todos declarando seu voto, gostaria de fazer o mesmo. Pois eis que eu voto NÃO. Primeiro porque sou contra o governo tratar esta a questão de maneira tão irresponsável. Primeiro faz-se necessário proporcionar a segurança e paz necessária para ponderarmos a respeito. Segundo porque vai custar uma grana preta, quase o equivalente a uma eleição, e não vai decidir absolutamente nada. Não tem poder de veto, não tem poder decisório, não tem razão de existir. Há pouquíssimas armas legalizadas no Brasil. Se o referendo proibir a comercialização de armas para quem tiver essa necessidade ou vontade não vai refrescar nada. É coisa de 3 mil armas legalizadas (por ano) contra 8 milhões clandestinas. Entre muitas outras razões que não cabem aqui.

Outro fato: existe uma enorme diferença entre ter uma arma e poder usá-la onde bem quiser. Você pode ter uma arma para defender a sua casa, mas isso não quer dizer que você pode usá-la na rua, como no faroeste. Para isso você precisa ter porte de arma. No último ano, só foram outorgados 400 portes de armas em todo país. Portanto, votar “não” não significa apoiar o bang-bang, como o horário “gratuito” vem explicando. O dinheiro empregado no referendo deveria ter ido para a Educação (que Lulinha não priorizou) ou para a Cultura (onde Gilzinho não fez p_ nenhuma). O resto é conversa fiada.

O problema não está com as armas, mas sim com quem as porta. É sabido que os acidentes de carro são a maior causa de morte violenta entre jovens de 17 a 24 anos no país (e no mundo todo). No entanto, qualquer zé mané tirava carta antes do novo código. Pela lógica deste governo que está aí, o problema da violência no trânsito seria bem simples resolver: bastaria fazer um referendo perguntando: “Você é a favor da proibição da venda e comercialização legal de veículos no Brasil?” Ficaria tudo resolvido né?…. Claro que não. O caminho não é por aí. Assim como no código de trânsito, devem existir regras mais rígidas para se portar uma arma (em casa (registro) ou para porte), incluindo controle sobre as mesmas, exames períodicos para quem porta, treinamento, etc. No fundo já temos isso em funcionamento, só que ninguém fala. É o estatuto do desarmamento, em vigor desde 2003 (primeiro ano do Lulinha “paz-e-amor”).

http://www.votonao.com.br

[neste post foram usados textos do Blog do TAS]


5 Comments on “Eu também voto NÃO”

  1. Rafael disse:

    Concordo parcialmente com o primeiro parágrafo. Todo o resto me soa um tanto falacioso.

    Quando você diz que existe diferença substancial em se ter uma arma e poder usá-la em qualquer lugar, você assume que isso seja obedecido estritamente. Eu penso que apenas estar na situação de possuir uma arma de fogo, independente de ser apto a usá-la e ter ou não porte, o indivíduo está sujeito a utilizá-la em discussões menores e ou em impulsos não racionais. Seriam os crimes cometidos por homens “de bem” que, segundo dados atuais, são recorrentes e têm peso influente nas porcentagens sobre homicídios e crimes.

    Outro ponto que acho importante é a razão para se possuir uma arma. Usualmente a posse é justificada como alternativa à proteção e segurança que o estado não proporciona, partindo daí então a discussão, embora, na verdade, tenha que se discutir a validade do argumento. A utilização de uma arma de fogo para revidar ação criminosa não garante a segurança e, sim, submete todos indivíduos envolvidos em uma situação ainda mais violenta e perigosa. Existem, claro, casos em que uma arma possa auxiliar com êxito na defesa pessoal, embora isso não deva ser tratado como regra e sim como um caso na aplicação prática.

    Arma de fogo tem como finalidade tirar vidas humanas e, para mim, isso seria bastante para que não fosse nem mesmo produzidas. Dizem que o uso é para intimidação, tanto fosse não seria, precisaria ser, letal.

    Não vou discutir a validade ou necessidade do referendo, o qual considero indecente. Todavia, nas minhas leituras anônimas, de longa data, ao CFGigolô, percebo que você implica com o governo. Não que não tenha razões em muitos casos, mas sim, que você seja daquele que se posta radicalmente contra; foi feito algum elogio, que eu não tenha visto? Você responsabiliza inteiramente o governo, e o partido do PT, por atitudes que foram e são praticadas por todos os partidos e políticos, em geral; coisas até que se segmentaram em administrações anteriores e que uma reforma envolveria muito tempo, dinheiro – não disponíveis -, e pessoas – de poder – que se oporiam a isto. Isso não gratifica ou diminui a responsabilidade do governo, de forma alguma, embora não deva ser creditado apenas como resultado da administração atual, tudo de mal que venha a ocorrer. Particularmente, te vejo como tucano impetuoso que se decepcionou com a posse do Lula, antes mesmo dela acontecer, e critica tudo o que sempre é feito com a justificativa de que o partido faz o que sempre abominou e pregou contra. O que não deixa de ser totalmente verdadeiro, mas não o torna diabo por isso.

  2. Alex Hubner disse:

    Rafael, obrigado pelos comentários. Sim, sou um crítico do governo atual, e dos anteriores também (pena que o blog começou somente em Agosto de 2002). Afinal, isso é errado? Ao criticar o governo e qualquer outra coisa, creio que dou as devidas razões para tal, ou não?

    Sobre o referendo: você fala em “dados atuais” (sobre os crimes de “homens de bem”). Eu te pergunto: que dados são estes? Onde você os encontrou? E, principalmente: teriam eles realmente tal “peso influente nas porcentagens sobre homicídios e crimes” como você diz?

    Não que eu seja a favor da reação, pelo contrário. Contudo, saiba que existem inúmeros motivos legítimos, além-reação, para se ter uma arma em casa ou em um sítio. E os vizinhos, “motivos menores” ou “impulsos não racionais” são os últimos deles, acredite.

    Um desequilibrado, seja “de bem” ou não, não precisa de uma arma para matar, ele faz isso sem ela: no trânsito, por exemplo.

  3. Alex Hubner disse:

    Hoje me dignei a assistir os programas “eleitorais” do plebiscito. Como são ruins… Tanto o programa do “SIM” quanto o do “NÃO”. Não discutem o essencial, não esclarecem, ficam apenas chorando as pitangas com detalhes e subterfúgios. Porém, é disso que o povo entende, é disso que o povo gosta, então só nos resta gritar… Brazil-il-il-il-il-il e torcer pela Seleção…

    Contudo vale a pena chamar a atenção para uma coisa que notei na propaganda do SIM: o argumento (estatístico) de que as “Armas legais abastecem os criminosos”. Podem procurar. Está em todos os lugares estampado como notícia – http://www.noolhar.com/opovo/brasil/521526.html.

    Eis que este argumento é falacioso, uma vez que tira o foco do principal: o de que, para cairem nas mãos dos bandidos, estas armas tiveram que ser roubadas! Ou vocês andam entregando, por espontânea vontade, suas armas para a bandidagem? Bem, talvez ao deixá-las para “destruição” em uma delegacia, (seguindo o que manda o estatuto do desarmamento) o estejam sim, mas esta é uma outra história..

    Isso pode parece um pouco óbvio, mas é justamente por ser tão óbvio que não é visto. Para explicar, permitam-me fazer nova comparação com os veículos. Saber a origem (se são legais, de pessoa física ou pessoa jurídica, se pagavam IPVA ou não, se são roubados, clonados, cabritados, qualquer coisa) de carros utilizados em crimes (vide assalto à bancos, sequestros e afins) não vai mudar absolutamente nada com relação ao crime. O crime, propriamente dito, vai continuar existindo pelos meios (ou armas) disponíveis, sejam elas legais ou não. Eu pergunto: o referendo é contra a fabricação de armas apenas contra a comercialização? Pensem nisso com relação à continuidade do crime que acarrete em morte.

    Ok, já ouvi uma resposta (da minha própria cabeça): A comercialização reduz a fabricação. Sim, reduz sim, mas em quanto? Vocês sabem? Não? Então procurem saber (procurem pelos números de venda/fabricação de armas para uso civil e militar/governamental de uma indústria como a Taurus, por exemplo). Ok, eu digo a vocês pois pesquisei: 15% para civis, o resto para militares… E aí voltaremos à pergunta, voltaremos ao fato que deveria ser realmente observado e pesquisado por estes programinhas eleitorais: proibir um civil (levando em consideração os pressupostos atuais, exigidos por Lei para se registrar uma arma) de ter uma arma (especialmente em casa) vai resolver o problema da violência, ou mesmo minimizá-lo? Ou vai causar mais problemas, especialmente no que tange ao nosso direito de defender (se assim nos julgarmos aptos) o que nos é mais sagrado: nossa família, nosso lar? A não ser, claro, que você acredite que o nosso governo tenha capacidade para fazer isso.

    Outra pergunta-afirmativa feita pelos pseudo-intelectuais do “SIM”: estaria o nosso direito de optar pelo NÃO (e ter uma arma em casa) esbarrando no direito de outra pessoa que opte pelo SIM, pela proíbição? Imaginemos o seguinte: tenho uma arma em casa, e esta é roubada, sendo usada posteriormente num assalto a essa outra pessoa. Bem, basta torrar um pouco de neurônio para responder a isso. Eu tenho duas respostas: (1) em termos de direito, e (2) em termos de crime. No primeiro caso, de direito, é algo recíproco (aliás como muitas coisas nesta vida – faça sempre o exercício do contrário, o exercício de se colocar na posição de alguém e tentar pensar como ela: a reciprocidade te dará algumas boas respostas), por isso não faz a menor diferença. Explico: na medida em que você escolher que, a partir de determinada data, nenhum civil poderá ter uma arma, você põe em risco a minha defesa (tal como eu entendo-a) como civil (lembrando que o governo não a faz), da mesma maneira como eu colocaria a sua segurança (tal como você entende-a), por achar que esta arma pode ser usada contra você, na mão de bandidos. Já em termos de crime, já expliquei no parágrafo anterior, mas volto a repetir: não teremos a proibição da fabricação de armas, o que me leva à crer que elas continuarão caindo na mão da bandidagem pelas mesmas vias principais, que diga-se, sabemos quais são. Sim, sabemos… afinal, nossos policiais são muito bem remunerados e nossos quartéis muito bem defendidos não é? O bandido iria assaltar a pessoa da mesma maneira, porém usando uma outra arma, roubada de outra maneira. Ou você ainda acha que a proibição da comercialização vai fazer a criminalidade diminuir? Vejam como tudo volta à questão primordial: reduz a violência ou não? É mais fácil roubar arma de um civil ou de um policial, de uma corporação falida, de uma empresinha destas de segurança patrimonial, escolta armada? Você decide e o tempo mostrará.

    Usando as palavras de um amigo meu, minha opinião sobre o referendo sobre a comercialização de armas pode ser resumida da segunte forma: o simples fato de estarmos sendo submetidos à esse referendo me faz ter uma profunda e triste VERGONHA de ser brasileiro. E se você pretende votar sim, espero que saia deste infeliz estado de ignorância (sem ofensa) antes do dia 23 de outubro.

    http://www.saf.org/LawReviews/Kates1.html

    “If, as both British and American studies assure us, gun
    prohibition has no ascertainable effect upon violence, then it
    seems that its rationale is revulsion against the handgun as a
    symbol and antagonism toward the conservative but generally
    law-abiding people who value that symbol. Such a rationale,
    however, is no more acceptable than the conservative’s argument
    against homosexuality: “I don’t do it and I don’t like people
    who do so it ought to be illegal.”

    Quer acabar com a violência? Uma medida *realmente* mais eficiente (e tão curta e grossa quanto, no mesmo termo: proibir/liberar) seria legalizar o aborto, e dar total e pleno suporte e incentivo para mães (que não têm condições) de realizarem-no. Quero ver como daqui 15 anos o número de marginais na rua vai ter diminuído drasticamente? Mas aí seria comprar briga com os pseudo-intelectuais “pró-vida”, com religiosos fervorosos (que são incapazes de definir “vida”), e também com aquele fiadaputa moralista do Bush, que ainda manda no mundo (e tem todas as armas deste)… 😉

    A group is a bug with a brain in each leg. Reduce mass, reduce resistance.

  4. AVISEM O PESSOAL DO “NÃO”, QUE AS ARMAS FABRICADAS NO BRASIL QUE ESTÃO EM MÃOS DOS BANDIDOS, FORAM EXPORTADAS P/PAISES VIZINHOS, PRINCIPALMENTE PARAGUAI E VOLTARAM CONTRABANDEADAS P/O BRASIL. PORTANTO NUNCA FORAM VENDIDAS EM LOJAS BRASILEIRAS.
    ADEMAR LEVANDOSKI

  5. Marcos disse:

    Pena que só hj, depois de já passado o Referendo, acesso esta pg. Ainda assim opino sobre o que lí acima, considerando que pessoas defenderam a permanência da atual situação, ou seja,ñ quiserão a supressão do comércio e fabricação de armas sustentando essa opinião em bases equivocadas. Me parece que o 1º grande equivoco é se manifestar pelo não numa atitude contra o governo Lula. Ora ñ foi Lula quem decidiu pelo referendo nem o apoiou, aliás se omitiu. Quem ñ se omitiu foram os maioires interessados na manutenção de obtenção de lucro, os fabricantes de armas. Essa discussão, q faz parte da aprovação do Estatuto do Desarmamento ñ é do Governo Lula é do Congresso nacional e da sociedade. Arma é para matar, como bem frisou acima um dos opinadores, e a afirmativa de que éla poderá servir p/ a defesa do cidadão de bem é muito ingenua ou má intencionada. Essa defendida luta travada entre o cidadão de bem e o meliante é absolutamente desigual pois o bandido está muito mais preparado p/ fazer uso de uma arma de fogo. Pareceu-me, outrossim, que existe um certo estado de espírito contra os convencionados intelectuais, descambando p/ o preconceito ofensivo. Ñ sou, não pretendo ser e nem defender intelectuais, que alguns chamaram acima de “falsos”.Porém questionaria, o que é pseudo intelectual, é alguém q/ tem opnião divergente da minha? Pq quando identifico alguém, q/ parece, com uma opnião mais rebuscada chamá-lo de “falso intelectual”, seria uma forma de desqualificação na tentativa de ver prevalecer o meu ponto de vista que carece de método de reflexão e análise a altura do outro que me contesta? Que isso?