Dia mundial sem carro: vestiários e chuveiros nas empresa já!
Publicado; 22/09/2007 Arquivado em: Mundinho corporativo 11 ComentáriosComo ficar sem carro numa cidade que não oferece um sistema de transporte público minimamente aceitável? Eu adoraria (repito: ADORARIA) ficar sem carro (já pensou a economia com IPVA, manutenção, seguro, etc – sem falar no próprio carro?), entretando não consigo andar de ônibus em São Paulo. Não há melhora na qualidade de vida (incluindo as horas perdidas no trânsito, a emissão de CO2, etc) que justifique ficar de pé, sendo esmagado de um lado e de outro, suando e se esfregando (e sendo esfregado) em gente que você não conhece. Os ônibus em São Paulo são em número insuficiente, custa caro (R$ 2,30) e é muito desconfortável. Não dá para tomar um ônibus lotado de manhã e chegar no trabalho cansado (porque você teve que ir de pé e se pendurando nas barras para as pessoas passarem), suado e sujo. Simplesmente não rola.
Se a cidade não tem uma malha de metrô grande o suficiente, que tenhamos um maior número (e oferta de acentos) nos ônibus. Entretanto para as empresas que operam o sistema, o importante é colocar o maior número possível de passageiros por “carro” (é como eles chamam os ônibus). Assim maximiza-se o lucro. Desconforto? Que desconforto? Cobrador e motorista estão bem confortáveis em suas poltronas, seguindo as ordens da empresa: coloque o maior número possível de passageiros em cada viagem, nem que eles tenham que ficar espremidos e esperando horas por um único “carro”. Isso sem falar nos mini-ônibus, pilotados por loucos e entulhados até o teto (se for com apenas uma porta então, nem se fala). Simplesmente inutilizável por uma questão de segurança e saúde (incluindo mental). É por estas e outras que qualquer pessoa de bom senso, capaz de juntar uns 5 mil reais, compra um carro. Pode ser usado, pode ser fodido, mas pelo menos alí ele tem alguma dignidade e espaço, além de controlar o próprio horário, nem que seja para ficar preso três horas no trânsito.
Por estas e outras é que eu acho que não faz o MENOR sentido estabelecer um dia “sem carro” numa cidade como São Paulo. Antes de propor um dia desses, que tal propor o dia do “transporte público de qualidade”? Impostos não faltam, a gente paga mundos destes (inclusive nas tarifas).
Bicicletas? Excelente idéia, desde desde que seja a uma distância razoável, e que você possa chegar no seu trabalho, tomar um banho, trocar de roupa e começar um dia de trabalho limpo. Quantos conhecem escritórios que oferecem um vestiário para seus funcionários (não estou falando de fábricas)? Pois é… se você trabalha em um escritório e pode ir de bicicleta, que tal reivindicar um chuveiro e um vestiário? Tenho certeza que custa muito barato e a sua empresa poderá se gabar por estimular uma melhora na qualidade de vida da cidade e dos seus próprios funcionários.Aí é só tomar cuidado para não ser atropelado nas ruas…
Por todos os lugares por onde passei reivindiquei a instalação de um chuveiro e um local para se trocar. Em nenhuma das vezes eu consegui (apesar de saber que existem empresas dignas o suficiente para pensarem e implementarem isso). Depois a família não entende porque eu quero comprar uma lambreta…
cara, excelente blog, li um texto antigo falando sobre os estressadinhos no aeroporto, muito bom mesmo ;D
Olá…
Para divulgar no seu site – você aceita proposta de banners ou outras mídias.
(Não encontrei seu e-mail)
Grato
Marcel
É uma puta falta de respeito!
Eu pego a paulista todinha, dr arnaldo, heitor penteado e cerro cora pra ir e voltar da faculdade, saio 6h da faculdade, então pego o pior horario!
Não tenho mta opção, só onibus… q ficam naqueles corredores, um atras do outro, naquela enrolação.
Gostaria de ir de bicicleta, mas morro de medo de andar de bicicleta no meio de tanto carro.
Já fui a pé algumas vezes, mais de 2h de caminhada.
Enfim, de qlqr maneira, é stressante d+
Alex:
Mesmo em cidades menores, como Vitória, onde trabalho, é difícil ficar sem carro. E as razões você as apontou: superlotação, poucos ônibus ou outro meio de transporte coletivo adequado. Também gostaria de deixar o carro de lado, mas com o nosso transporte coletivo, não é possível.
O pensamento da elite brasileira é nitidamente fascista. Afinal, enquanto o transporte público é destinado aos pobres (aqueles que varrem seus escritórios, atentem suas portarias, limpam suas ruas, enchem seus tanques de gasolina…), ninguém está nem aí para ele. Enquanto usam seus carros importados, os maiores poluidores que existem, a elite e a classe média preocupa-se apenas consigo mesmo: as demais classes, que se danem, afinal as classes superiores têm privilégios desde que Cabral chegou aqui.
Porém, quando se fala em questionar o uso do carro, logo vem aquela desculpa esfarrapada: não existe transporte público de qualidade. Afinal, no dos outros é refresco.
O questionamento do uso do transporte motorizado particular é sobretudo uma forma de questionar a própria estrutura excludente do capital. Não é preciso falar o óbvio: devemos quadruplicar as linhas de metrô e otimizar os transportes de média e baixa capacidades (trams, trólebus e ônibus). Isto qualquer um sabe. Questionar a cultura do automóvel é, no entanto, a tarefa revolucionária: significa exigir das classes abastadas o pagamento de uma dívida de mais de um século, pois elas sempre poluíram e exploraram as demais.
O automóvel privatiza o espaço público. Em dias sem carro, estamos apenas tentando ter de volta aquilo que sempre foi do povo (e foi violentamente tirado de nós pelo automóvel): o espaço para todos, sem distinção.
E viva a bicicleta: http://www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=205
Taí um artigo que eu gostei!
É verdade! Não dá pra viver assim, andar de ônibus ou bicicleta! O sistema é louco!
Tem pessoas que dizem pra gente pegar um ônibus pra evitar a poluição de nossos carros ou pra ajudar o planeta… Mas quem vai nos ajudar???
Taí um artigo que eu gostei!
É verdade! Não dá pra viver assim, andar de ônibus ou bicicleta! O sistema é louco!
Tem pessoas que dizem pra gente pegar um ônibus pra evitar a poluição de nossos carros ou pra ajudar o planeta… Mas quem vai nos ajudar???
Massa!
Taí, gostei do comentário do lino. E bem verdade que as pessoas da elite e classe-média não andam de ônibus. Mas justamente por isso que a qualidade do ônibus não melhora, pois a classe pobre não sabe revindicar seus direitos e aceita ser humilhada…
Sou de Belo Horizonte, e sempre pego uma porcaria de ônibus lotado. Estou cansado de reclamar via telefone e site da bhtrans Mas eu e as pessoas que reclamam não devemos representar nem 1% dos instatisfeitos. A culpa é de todos pois pagamos pra ter um transporte e não temos, e não fazemos nada além de reclamar nos pontos e com o motorista(que não tem nada haver com isso) chegando em casa toma-se um banho e esquece dos problemas.
BH tá indo pelo mesmo caminho….
Mais um dia mundial sem carro. Fazem exatos dois anos que escrevi este post. Melhorias no transporte público de São Paulo desde então? Não vejo nenhuma, pelo contrário.
Qualquer um que use um discurso com termos tais como “fascista” ou “estrutura excludente do capital” e queira transformar/simplificar a questão em mais uma das muitas envolvidas na antiga “disputa de classes” (no melhor estilo USP-FFLCH), não enxerga o óbvio: trata-se tão somente de um problema de infra-estrutura e falta de planejamento urbano. Portanto atentemos ao fato concreto e não viajemos na maionese ou transformemos a questão em filosofia social riponga dos anos 70. Buenos Aires fica num país tão fodido quanto o Brasil e com diferenças tão (ou quase tão) gritantes. Entretanto, o transporte público é decente e barato, não essa vergonha que temos por aqui. Ou vão dizer que o péssimo estado das nossas ruas e avenidas (esburacadas) também é culpa/reflexo da exclusão social, dos interesses burgueses, da opressão capitalista, dos ricos, blá, blá… Ué? mas não é justamente nessas ruas esburacadas e detonadas que os ricaços desfilam seus carrões? Vai entender…. Não tem nada a ver. Transporte coletivo no Brasil é uma merda, seja para rico, seja para pobre. As estradas não prestam, os aeroportos são vergonhosos, o sistema aéreo não funciona, trilhos inexistem, rios são deixados de lado, o metrô tem apenas meia dúzida de km, as ruas são esburacadas, busões (alguns bem novinhos!) vivem atolados de gente e convivem no mesmo caos com ferraris e BMWs…