Linux no desktop?
Publicado; 18/02/2005 Arquivado em: Software Livre 6 ComentáriosEu gosto dos pontos de vista de Ashlee Vance, que escreve para o The Register. Vale a pena ler este artigo (e links que saem dele) de sua autoria sobre linux no desktop. A minha opinião sempre foi clara e ainda não mudou: o linux em desktop tem um caminho bastante longo para se equiparar à sistemas sistemas users-friendly como MacOS (apesar de seu core – não gráfico – ser um *nix) e Windows: Desktop Linux cracks Freak Mainstream.
É por este ponto de vista que critico a adoção indiscriminada do Linux (seja em servidores, onde ele se sai muito bem), seja no desktop, por parte do nosso “gobierno”. Adoção que não leva em consideração (de forma limpa e verdadeiramente ponderada, desprovido de ideologismos e vieses políticos) fatores técnicos e de custo de uso/migração e manutenção extremamente importantes. Imaginem só aquele documento do “Word”, padrão praticamente universal de texto com formatação, que a assessora do assessor do sub-assistente do encarregado do gabinete do senhor excelentíssimo ministro do sei lá mais o quê… que hoje, com windows, leva 15 dias para fazer – afinal, ela tem que lixar unha, fazer fofoca e dar aquela coçada de saco clássica de “funcionário-público” (entre aspas para poupar aqueles que fogem à regra e trabalham de forma decente e profissional). Coitada. Para migrar seus documentos de Word cheio de recursos visuais toscos, para aprender, para criar e produzir no Linux, ela vai ter que fazer uns 5 cursos (promovidos e custeados pelo governo, claro), no melhor estilo mobral, para (e se) operá-lo de maneira independente, sem ter que ligar para o “CPD” de 5 em 5 minutos perguntando como é que se faz para colocar a foto do cachorrinho dela como fundo de tela…
Vale ler também as cartas recebidas pelo escritor em resposta ao artigo.
E por falar nisso, vale a pena lembrá-los de que os posts e opiniões (minhas e dos outros colaboradores – que não necessariamente são iguais ou concordam entre si – aliás, o Douglas é um defensor ferrenho de SL, e tenho altos quebra-paus com ele sobre isso) podem ser vistas na seção “Sofware Livre” do CFGIGOLO. Recado para o Douglas: está na hora de alguém começar a defender o SL por aqui… 😉 Seria ótimo, de verdade. Tudo o que quero é mais bom senso, foco no “real-life” e menos radicalismo.
Eu penso o seguinte : concordo com seu ponto de vista… Caso a pessoa analise o que diz, realmente não terá vontade de migrar para SL. Mas me diga o seguinte : se o problema é custo e tempo, então nunca teríamos saído do MS-DOS pois um dia alguém precisou ser treinado para operar um mouse e criar um “simples” documento MS Word. Porque não poderia “perder” este tempo novamente? Acomodar-se não faz o menor sentido… Muito menos quando o objetivo de tudo é migrar e ficar no sistema durante 20, 30, sei la quanto tempo… Por isto, digo, MIGREMOS 🙂
Bom Alex, sempre vejo seus textos e possuem uma grande clareza na escrita, o que me faz lê-los com enorme vontade… Mas penso o seguinte (e gostaria de saber se alguém concorda comigo) : quando utilizávamos o “grande” MS-DOS todos tinham o conhecimento em linha de comando e criação de documentos com as ferramentas da época. Quando foi lançado o Windows, todos migraram e demoraram um bom tempo para aprender tal sistema… Mas se pensarmos agora que terá custos a migração para o SL (software livre), porque então migramos para windows também? Tudo tem custos e acredito que devamos migrar para o Linux pois demorará para ser aprendido mas uma vez o feito, será para sempre (assim como o Windows). Acho que é isso!
Ronaldo, o problema não está NO migrar, o problema está em COMO migrar.
O governo quer fazer a migração à força, deixando o argumento técnico fora de questão. O governo está adotando apenas o argumento ideológico, ainda que baseado em contas erradas que pregam o absurdo de que o custo de que QUALQUER solução SL é mais barata do que uma solução proprietária “similar” (entre outros arrotos “argumentativos” absolutamente pífios) – veja minhas idéias sobre isso nos comentários deste post aqui: http://www.cfgigolo.com/archives/2005/01/a_urss_e_logo_a.html.
Bom Alex, já havia lido seu post a respeito e acredito que todos nós temos razão… Eu sou um pouco parcial para falar pois tenho certificação Linux e aprecio este sistema e toda a sua filosofia…
Mas não é somente isto, fico pensando a favor do governo pelo seguinte motivo : os softwares (windows) são muito caros para o padrão nacional. Nos EUA podem ser baratos mas aqui não o é. O mesmo acontece com os cds de audio. São muito caros!!! 30 reais por um cd de música é muita coisa… Acho que os fabricantes precisam rever seus valores e seus objetivos…
Penso também que existem centenas de pessoas da área de informática no governo e nada mais certo do que mandar o pessoal trabalhar e correr atrás de uma solução… 🙂
Mas é duro… Cada um terá uma opnião e, acredito, que não será dado nunca um veredito.
Ou seja, religião, futebol, política e Software Livre não se discute, qualquer diferença somente na porrada :p
É verdade Ronaldo, mas devemos lembrar que o preço do software não está limitado ao preço da sua licença. Existem inúmeros outros custos envolvidos, tais como manutenção, suporte, desenvolvimento, etc, etc. O maior erro na adoção de software livre está em apenas ponderar o preço da licença, que em muitos casos é menos de 10% do custo total da solução. No caso do governo brasileiro ele até está ciente deste erro, mas justifica-o dizendo que o “preço” do software livre está na “liberdade” proporcionada por poder alterar o código fonte e gerar um software próprio, segurança nacional, blá, blá… Bem, se o governo acha que tem bala para contratar um enorme contigente de programadores, gastar os tubos absorvendo todo o desenvolvimento internamente (como se isso fosse uma atribuição do governo), em suma: se tem dinheiro para bancar a “liberdade” (entre aspas pois este conceito é questionável), então que o faça. Eu como cidadão consciente e com um senso de realidade e praticidade acho uma grande besteira.
Se o governo quisesse se limitar à substituição de suítes de escritório (Office por OpenOffice), de servidores (Windows por Linux) e outros casos onde softwares livres (ou nem tão livres assim – talvez “frees”) são notórios em qualidade, tudo bem. O problema é que o governo quer fazer isso para QUALQUER coisa que rode num computador. Vide o post, que me referencio acima, a tal “Lei do software livre”… É um radicalismo desnecessário, pouco racional e desprovido de bom senso, falta deste aliás que, em nosso governo, não é exclusiva na área de software…
É justamente por isso que condeno as atitudes do governo (e em qualquer outro lugar): a questão do software não deve ser tratada como se trata religião, futebol e política. Deve ser tratada de forma profissional, científica e técnica.
Bom, caros amigos,
Nada é feito sem custo, seja esse custo mensurável em moeda corrente ou esforço físico e mental.
Criticar iniciativas governamentais de adoção de SL é, na minha opinião, tolice.
Não há razão alguma para inundar os cofres estrangeiros com o capital do povo brasileiro só pq uma secretária vai infernizar o cdp até conseguir colocar a foto do cachorrinho no texto.
O preço da redução de verba com licenças de software e pode ser qualquer um, ele sempre será mais baixo do que a compra de mais licenças.
Mesmo que isso se messa daqui há dez anos! O País não tem prazo de validade… qualquer atitude que reduza o custo operacional da máquina administrativa, ainda q num prazo longo, é válida.
Com o br.Office, não existe mais incompatibilidade. Se alguém não conseguir migrar do Ms-Office para o brOffice, está na profissão errada, deve ir pro campo ou sei lá pra onde, com todo o respeito.