Molecagem no governo

Na mesma linha do post que o Terracini fez esta semana, vale a pena ler o que a ideologia e o entusiasmo cegos (e consequente falta de profissionalismo) produzem no governo nacional. Será que é com a mesma doutrina e radicalismo que se toca outras questões no país? Na economia sabemos que não (ao menos isso!), mas em outros campos… dá-lhe demagogia e utopia… Chega de tenta-se enfiar goela abaixo modelos que existem apenas em teoria e ainda precisam amadurecer muito antes de virar regra (como muitos querem crêr).

O PINGÜIM AVANÇA – Cresce o número de empresas privadas que adotam o Linux. E o governo federal resolve comprar briga com a Microsoft.

MS pede explicações a defensor do software livre

Por favor, usemos a cabeça. Se um determinado software livre é melhor em certas circunstâncias (eg. servidores) que usemos, ótimo, excelente e mais do que adequado. Mas não extrapolemos esta vantagem em um determinado campo para outros, como por exemplo, desktops, suítes de escritório e afins. Neste, é mais barato e sensato continuar usando tecnologia proprietária: Mac e Windows dão uma surra no pingüim neste quesito. Apenas usuários extremamente avançados (não no sentido de inteligência e conhecimento, mas de bitolagem) discordam. Bom senso deve prevalecer, fora o radicalismo.


14 Comments on “Molecagem no governo”

  1. TaQ disse:

    Uhnnn meu, lá vem eu de novo dar palpite …

    Aqui na empresa trocamos muitos desktops de uso “limitado” (diga-se isso por desktop com dois ou três icones com os programas que o usuário *realmente* precisa, excluindo-se os kazaa da vida que eram instalados antes…) e tem tudo funcionado as mil maravilhas. 🙂

    Nos tempos de Windows 95/98/ME, volta e meia tocava meu celular no Domingo á tarde com um sujeito falando “apaguei aquele desenhinho da tela” “por quê?” “sei não.” “mas como? abre a lixeira aí e …” “limpei a lixeira também” “mas pra que?????” “sei não.”.

    Sei que vocês devem estar achando que eu estava falando com um vegetal, mas não, é um usuário mesmo, e não da pra culpar o cara por ser leigo e zé-ruela pelo $ que pagam para ele lá …

    Bom, depois que a gente trocou os desktops para Linux e limitamos tudo lá (sei que no Win95/98/ME havia alguns programinhas – pagos – para evitar que os caras aprontassem, mas fugia da regra) eu nem tenho mais celular, pois não preciso, não fazem mais arte!

    E para os heavy users locais aqui (estava falando acima de agências remotas), estamos estudando KDE ou o Freedows, temos entre 70 e 80 computadores aqui que se tirarmos os Win* vamos ter muito menos dor-de-cabeça (além do controle do usuário previamente dito, tem o lance de vírus etc e tal).

    Isso, deixa eu falar apesar de talvez vocês não acreditarem, baseado em experiências práticas e não filosóficas, mas aí eu já aproveito e divulgo um pouco a filosofia. 🙂

    []’s

  2. Alex esse seu comentário está me parecendo de uma pessoa que mal conhece o linux, falar que não devemos usar o linux como desktop, pra mim isso é pura bobagem, quantas pessoas eu conheço que usam linux em desktops e usam muito bem e olha que não é em maquina parruda não e tenho como provar, se vc quiser eu mando um screenshot da minha tela para você ver como é um desktop linux, caso você não conheça.
    Este post para mim soou mais como “não devemos usar linux em desktops pq só usa quem é bitolado” e se é para termos bom senso, vamos todos usar linux e programar em PHP.

  3. Kenji disse:

    Desculpe-me, mas não vejo como uma suíte (Office) que custa R$ 1.750,00 (*) pode ser mais barato do que um Open Office que vai oferecer ao usuário de editor de textos – que não é o avançado bitolado – os mesmos recursos de Negrito/Itálico que ele usa.

    (*) preço na Brasoftware do MS Office 2003 Pro

  4. Alex Hubner disse:

    Marcelo, não questiono a viabilidade do Linux em ambiente de desktop. Aliás, veja este post – http://www.cfgigolo.com/archives/2004/04/sun_java_deskto.html. O que estou dizendo é que não devemos generalizar as coisas com base apenas na ideologia e no sucesso em determinadas áreas, distintas da que você pretende atuar. Não sou apenas eu que digo que o Linux em desktop ainda tem muito chão para andar. Existem casos (como o que o TaQ citou) em que já temos uma opção viável. Mas tome como exemplo eu: preciso usar Dreamweaver, Photoshop, Flash e Outlook 2003 (que na minha opinião é o melhor leitor de e-mails que existe, e olha que já testei inúmeros, incluindo em ambiente nix). Vou fazer o quê? Usar Wine? Não, tô fora, gambiarra não é comigo. Existem “killer products” como o Photoshop, DWMX e outros que simplesmente não funcionam bem em Linux, não dá para generalizar. O próprio ambiente de desktop do Windows (apesar das inúmeras falhas de segurança – um pouco porque é a plataforma dominante – se forem fuçar a fundo, o Linux tem muitos furos também) é – IMHO e de muitos, inclusive linuxers – muito superior a qualquer outra, KDE, Gnome e afins.

    TaQ, Windows 95/98 e ME não são sistemas operacionais… 🙂 chame de qualquer outra coisa, menos de sistema operacional… Sempre usei a família NT (NT Wkst. 2000 Pro e agora o XP), estes sim, são SOs e oferece inúmeros recursos (embutidos) de gerenciamento e restrição contra amebas.

  5. Alex Hubner disse:

    Kenji, você certamente deve saber o que é TCO. Em muitos casos ele é mais baixo em ambiente Windows do que em Linux. É sobre isso que estou falando.
    Assim como a Microsoft e muitas outras empresas: “defendo a competição baseada em técnica e preço”, ideologia vêm depois, se houver espaço e razão.

  6. Alex Hubner disse:

    BTW: se quiserem que os comentários entrem de cara, sem necessidade de aprovação, usem o TypeKey (o link está logo em baixo).

  7. TaQ disse:

    “Windows 95/98 e ME não são sistemas operacionais” … mas peraí agora você que tá levando pro lado mais filosófico da coisa ehehe. 🙂

    Eles são sim, e são realidade em muitas empresas que não aderiram ao “software assurance” que a Microsoft propôs algum tempo atrás (era mais ou menos assim, a gente te ferra legal e você tem que gostar ehehe) e não migraram para uma plataforma mais nova, NT, w2k e mesmo o XP.

    Aqui na empresa é um bom exemplo disso e conheço várias outras assim. Temos algumas licenças do w2k e XP para uso específico, mas a maioria das máquinas rodam o Win95/98/ME.

    Então, em termos práticos e realistas no âmbito de empresa, são sistemas operacionais sim. 🙂 E, joguem pedras e xinguem mas até o DOS era realidade e um sistema operacional (???) muito utilizado por alguns bancos por aí. 🙂

    Concordo que se tem mais algumas vantagens na família NT pra cima, no quesito sistema operacional, mas me chamem de ignorante mas o w2k da patroa lá em casa continua ficando loco de tempos em tempos, mesmo fazendo um tuning no bicho. Só format salva!

    No seu caso, dê uma olhadinha no Freedows (http://www.freedows.com.br/), eles tem a família Macromedia *homologada* para rodar sem gambiarras em um ambiente Linux. Eu estou meio arisco com o valor da “subscrição” (leia-se licença de uso) dele, mas mesmo se ele não der certo, já é uma idéia boa para que alguém possa montar alguma coisa mais barata ou free para a galera usar em casa, com toda a estabilidade que uma plataforma Linux trás. Eu estava pensando em colocar ele na máquina da patroa, ela trabalha com isso também (http://www.carolrangel.com), mas como disse, ainda estou esperto com os custos envolvidos ….

    E o TCO aqui se mostrou disparado ganho pelo Linux! Você tinha que ver a cara de feliz do Big Boss aqui ehehe. 🙂 Lógico que obedecendo a base relativa a preço (do Big Boss), técnica (nossa!) e filosófica (aí que eu entro! u-hú!). 🙂

    Agora, em relação ao end user fora de empresas, eu coloquei um post no meu blog esses dias fazendo alguns devaneios sobre algo relativo … que a inteligência do end user hoje está sendo subestimada a favor de uma interface muito intuitiva e fácil.

    PeloamordeDeus não sou contra GUI ou acho que o end user deva sofrer ou entender tudo de informática, como um amigo meu que leu o post entendeu (errado, e deu um trabalho explicar depois …), mas acho que o end user hoje, pela facilidade que tem de fazer as coisas, poderia ser estimulado a entender um pouco mais dessa caixinha preta que é o computador dele (com tudo junto: sistema operacional, softwares blá blá blá).

    []’s

  8. Alex Hubner disse:

    Estou contigo TaQ! Mas pô… O NT 4.0 Workstation esta aí desde 1996… 🙂

  9. Vai falar isso para os desenvolvedores do ERP que roda aqui que é feito em VB e não rodava no NT workstation desde que apareceu ehehe (e também não roda em w2k,XP…).

    Eu sei que você deve tá pensando “mas que merda de programadores” ehehe, mas fazer o que, compraram o produto dos caras … eles até fizeram uma atualização, mas para uma versão “web”, que custa zilhões, precisa de uma puta máquina multiprocessada rodando a última versão do IIS e IE em *todas* as máquinas da rede que acessam o dito programa.

    Enquanto isso a gente desenvolveu uma intranet enorme usando Apache+PHP rodando num Pentium IV. Pergunta se o Big Boss vai querer atualizar o ERP ehehe? 🙂

    Dá uma olhada nesse post (http://www.joelonsoftware.com/articles/APIWar.html) que tem tudo a ver com esse rolo “roda nesse, não naquele e talvez naquele outro se você pagar muito dinheiro pra gente”.

    []’s

  10. Alex concordo em parte a respeito da generalização mas eu vejo que algumas ações generalizadas, como a tentativa do governo de usar Linux em tudo, uma maneira de quebrar esse vínculo forçado com a Micro$oft, um exemplo disso é a declaração de imposto de renda que até pouco tempo atrás não havia uma versão para Linux do software que é usado para a declaração, mais um exemplo de que se deve generalizar é o fato de que a rotina de um funcionário de uma prefeitura pode ser muito bem executada somente com software livres, eu por exemplo acho o GIMP uma porcaria comparado ao Photoshop, mas para o meu uso isso basta, não preciso de todos os recursos do Photoshop.

    O que eu quero deixar claro é que hoje 90%,(isso se não form mais) do trabalho executado pelos funcionários do governo podem ser executado no Linux, não importando se é com Software livre ou proprietário.

    Você também comentou que se forem fuçar no Linux a fundo irão encontrar muitos furos, sim isso é verdade, mas me responda quem demoraria mais tempo para corrigir erros do OS, os 300 funcionário da M$ para corrigir falhas no windows ou os mais de 3.000 desenvolvedores GNU/Linux?

  11. Alex Hubner disse:

    Marcelo, entendo os seus pontos, é preciso quebrar tendências, vínculos e vícios. Mas não podemos confundir isso com o “maria vai com as outras” e basear nossa decisão em ideologias e/ou pontos específicos (neste caso o preço da licença, aquisição inicial e não sua manutenção).

    Bem colocado a questão das funcionalidades básicas que atendem a qualquer funcionário. Neste ponto, concordo em número, gênero e grau.

    Vale notar que a “versão Linux” do IRPF2004 foi feita em Java (ela roda em Windows também) e o seu desenvolvimento custou 300 mil reais aos cofres do governo, enquanto que a versão para Windows (como sabemos 95% dos desktops no país – e no mundo) custou muito menos que isso. Será que estes 5% justificam um gasto destes? Não sou contra, em hipótese alguma, à disponibilização do software em ambiente multi-plataforma, mas é engraçado ver como o governo ficou vendido para uma minoria (uma “elite”, assim como os ricos na sociedade – coisa que o PT sempre criticou) que reclamaram que o “governo software livre” não tinha uma versão para Linux do IRPF2004… Tiveram que correr e queimaram uma grana violenta por conta do curto prazo.

  12. Alex Hubner disse:

    Me esqueci de comentar: os 300 funcionários da Microsoft (na verdade são bem mais que isso) recebem um belo salário para fazer correções no Windows, coisa que não acontece com o software livre. Este é um dos grandes paradigmas do SF: como promover inovações num ambiente onde lucro é quase sinônimo de ambição, de falta de cárater?… Muitos (a gande maioria) vê lucro como sinônimo de Micro$oft (você mesmo usou o cifrão) e de empresas gananciosas, multi-nacionais destruidoras, blá, blá… Oras, lucros fazem muito bem à sociedade… talvez não na união sovietica de 1989, cheia de problemas e contradições, mas aqui faz. Talvez o governo brasileiro, ao adotar o software livre de forma cega, como se fosse uma cruzada religiosa, esteja pensando em inflar ainda mais a máquina pública (como se o governo atual já não tivesse inchado folha de pagamento com muitos zeros) contratando muitos programadores (e caros, afinal o profissional que manja de “software livre” ganha mais) para poder promover a tão alardeada “possibilidade de alterar os programas” ao sabor do vento… Talvez o governo crie sua própria indústria de tecnologia, sua própria software house, afinal de contas temos muita grana para gastar… o que não se pode é comprar licenças… Ah, isso não! Custa caro, sabe?…

  13. To vendo aqui … “custou 300 mil reais aos cofres do governo” … lembro de um sujeito que queria que eu fizesse um software com ele e ia cobrar 30 mil pela empreitada. Não que fosse um sistema fácil, mas também não era tão difícil assim. Não sei quem é mais bobo, os que pagam cegamente esse tipo de preço ou os que imaginam que podem vender o que quiserem a quanto quiserem. Btw, o comprador, depois que o sujeito falou o preço, nem quis saber mais dele. 🙂

    Eu não acredito que um programa do porte do imposto de renda possa custar tudo isso! Merecia até uma CPI. 🙂

    “Como promover inovações num ambiente onde lucro é quase sinônimo de ambição, de falta de cárater”?

    Mostrando como ter lucros em outros lugares, onde mais se vale a pena.

    A gente sabe que a Micro$oft (no decorrer do post justifico o cifrão) ganha de lucro líquido em seus programas uma porcentagem de 80% (não me peçam para provar isso mas já li muita gente por aí com esses dados, se quiserem depois eu procuro), pois depois de feitos é só embalar e correr pro abraço.

    Eu acho mais legal pagar uma turminha boa para te dar soluções sem precisar de uma estrutura cara, “bloated”.

    No exemplo que dei acima, montamos uma estrutura enxuta aqui que desempenha, em termos de comparação tecnológica, as mesmas funções da versão web do ERP, e com muito mais vantagens.

    E a parte legal da coisa que a empresa tem lucros com isso (deixou de gastar muito!), a equipe aqui tem lucros com isso (eles nos pagam e volta e meia pode rolar um “agrado”), nós geramos mais lucros para a galera de serviços que precisamos terceirizar (e mesmo assim, mais baratos) e todo mundo fica feliz. No final da conta, todo mundo tem lucros. 🙂

    Acho estupidez e inocência se basear em um discurso comunista extremo. Prefiro mostrar como suprir as necessidades atuais de lucro com outro modelo, que ainda dá MAIS lucro, para MAIS gente, ao invés de para uns poucos (Micro$ofts ou similares), para os profissionais que se empenham na coisa. E no meio não tem só quem usa software livre, mas mesmo assim acabam levando lucro também. 🙂

    Só para deixar claro: vamos pegar o exemplo do Richard Stallman, que é o cara mais feroz da divulgação mais extrema do software livre.

    Eu acho ele radical, mas o admiro muito, pois se ele não existisse, teríamos que inventá-lo. Muita coisa que temos aí deve-se ao fervor dele, mesmo filtrado em algumas coisas mais lights. 🙂

    P.S.: “contratando muitos programadores” – só se eles forem muito ruim de gerência de negócio … o que? Dois anos e nada? Vixi … me dei mal. 🙂

  14. Só para completar, pois esqueci de dizer isso durante o dia, olhem essa URL, o que o Tio Bill diz, lá no final:

    http://www.softwarelivre.org/news/2549

    “Apesar de cerca de 3 milhões de computadores serem vendidos a cada ano na China, as pessoas não pagam pelo software. Algum dia eles pagarão, no entanto. Já que eles vão roubá-lo, nós queremos que eles roubem o nosso. Eles se tornarão como que VICIADOS, e então, de alguma forma, nós descobriremos como cobrar por ele em algum momento da próxima década.”

    Então quer dizer que ele pode falar isso, mas o Sérgio Amadeu não ehe. Isso já serviria legal se esse processo fosse adiante. 🙂